sou a carne que habitamos o todo onde queimamos: junto ao corpo os sonhos dos muitos que já somos. todos nós quimeras da vida à nossa espera, tão longa e serpentina, e enganosa a sua língua: ela fala em labirinto com a voz do próprio abismo onde nós somos outros dentro do grito de todos.
sombrio
Poesia
Na solidão e no silêncio de papel A música sente-se tão longe, tão perto, Perfume da memória, a pele do espectro. Alumbrado te vejo, num vislumbre te perdes: Clamor do dia—são trevas a olhos abertos, Ressequida tinta, e pele que a pele ressente: São páginas suspensas, são brancos desertos.
Paz Noturna
Tombam os ciclos de Saturno, Desce a inquieta paz noturna: Os cães d’agonia silenciam, Voltam os demônios aos covis, E os fantasmas, à cova… O mundo todo adormeceu, Menos eu, rondando sombras, Saturnino, em meus anéis, Assassino, rumo à forca, Rumo ao lar sob os pés. Aqui anelo a própria noite E corpo e alma … Continue lendo Paz Noturna
Quimeras (I)
eu voo e eu rastejo, persigo todo ensejo da quimera que logo sou, vou sendo, florescendo: chão e escuridão, o breu, o des- ca- minho que sou eu